domingo, 24 de junho de 2012

“Que fostes ver no deserto, um caniço agitado pelo vento? Um homem vestido com roupas finas e luxuosas?” (São Mateus, XI, 7).


As Redes Sociais são sem dúvida, parte ou grande parte da vida das pessoas. Há algum tempo, observo alguns comportamentos, como muitos fazem, pois as redes sociais, também servem para expor nossas intimidades e futilidades cotidianas, bem como cuidar da vida dos outros, mais que cuidamos de nossas próprias. Em alguns casos, discursos e opiniões, de longe refletem aquilo que somos no cotidiano, no contato efetivo com as pessoas. Nas redes sociais, somos super-heróis, ativistas de causas nobres, e até mesmo desconhecidas, somos politizados, intelectuais, defendemos os direitos humanos, a ecologia, os animais. Somos bons filhos, maridos, pais, enfim, pessoas melhores, enfim, mais humanos. 
Entre meus amigos no facebook e twitter, alguns padres e religiosos. De alguns destes, sem citar nomes, me chama a atenção à frequência com que postam fotos de viagens a lugares sagrados, fotos de celebrações nas quais usam paramentos (roupas), cheias de pompas, muitas vezes fazendo monarcas atuais, parecerem mal vestidos. Estes mesmos padres gostam de ser bajulados pelos fiéis, a exemplo dos reis da Idade Média, a meu ver, se distanciam do povo, principalmente os de poder aquisitivo modesto. 
Os paramentos utilizados nas celebrações dominicais, somadas a imponência dos templos, de arquitetura contemporânea, os amplos altares, e claro, o presbitério com o "trono" central, às vezes se destacando mais que o altar, contrastam as realidades dos limites das circunscrições paroquias, onde encontramos fiéis morando em abrigos que chamam de casa. Pessoas simples de coração e muita fé, os preferidos por Jesus.
            Na liturgia deste Domingo, celebramos João Batista, aquele que preparou a vinda de Cristo. Homem simples de costumes e vida modestos . São João Batista era penitente, vestia-se com pele de camelo, comia gafanhotos e mel silvestre. Apesar de grande santo, fazia penitência que impressionava até os fariseus. O que não era pouco! 
       Dois séculos atrás, São João Maria Vianey, (1786-1859) era, pois, como São João Batista: penitente e destemido. Comia três batatas a cada quinze dias. Batatas que mofavam sobre sua mesa. Dormia pouquíssimo. Atendia os penitentes no confessionário até 20 horas por dia. Foi canonizado em 1925 e foi indicado pelo Papa o padroeiro dos Padres diocesanos.
            Infelizmente, vemos padres recém-ordenados, levarem uma vida de luxo, contradizendo aquilo Evangelho os pede diariamente, vivem em casas que são verdadeiros palácios, além de carros, banquetes, roupas de grife. Que mal há nisso? Bom, é contraditório à aquilo que o próprio Jesus foi do nascimento a morte. Mais que isso, optou em nascer pobre, entre os pobres, em condições que muito bem conhecemos. O Evangelho nos mostra muitas situações, nasceu em uma manjedoura, na apresentação no templo seus pais ofereceram um par de rolas ou dois pombinhos em sacrifício, porque eram muito pobres para oferecerem um cordeiro, trabalhou como carpinteiro e, por fim, após a crucificação, foi sepultado em um sepulcro emprestado.
            Tudo isso seria secundário, se ao menos tivemos um pouco de profetismo, sim, profetismo. A exemplo de João Batista que, tendo nascido para ser sacerdote no templo, rompeu com as estruturas religiosas do judaísmo para anunciar a vinda do cordeiro no deserto. A voz que clamava no deserto, entre tantas denuncias, dizia: “Aquele que tem duas túnicas, reparta com o que não tem nenhuma, e aquele que tem alimentos, faça o mesmo”. É raro de parte da Igreja Instituição, alguma manifestação em relação às políticas sociais, econômicas, e muitos outros assuntos pertinentes à sociedade como um todo.
A pregação do Batista exprime uma norma de moral natural, que a Igreja recolhe também na sua doutrina. Os cargos públicos hão de ser considerada, antes demais nada, como um serviço à sociedade, e nunca como ocasião de lucro pessoal em detrimento do bem comum e da justiça que se pretende administrar. Em qualquer caso, quem tenha tido debilidade de se apropriar injustamente do alheio, não lhe basta confessar a sua falta no sacramento da Penitência para obter o perdão do seu pecado; tem de fazer, além disso, o propósito de restituir o que não é seu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário